Moda

Transparência na moda: o caminho para a justiça e sustentabilidade no setor

 

A transparência é uma das maiores tendências da moda contemporânea. Mais do que uma estratégia de marketing, a divulgação de informações sobre a cadeia produtiva, esse é um passo fundamental para transformar a indústria em um setor mais ético, responsável e alinhado com as necessidades sociais e ambientais do nosso tempo.

David El Etter, CEO da NICOBOCO (foto: reprodução/Instagram)

O que é o Índice de Transparência da Moda?

Criado pelo Fashion Revolution, maior movimento ativista da moda no mundo, o Índice de Transparência da Moda avalia o nível de divulgação de informações por parte das grandes marcas sobre suas políticas, práticas e impactos socioambientais. No Brasil, a iniciativa surgiu em 2018 e cresce ano a ano, ampliando o número de empresas analisadas e impulsionando mudanças significativas na indústria.

O objetivo do Índice é ser uma ferramenta construtiva que evidencia boas práticas e aponta os desafios que ainda precisam ser superados. Ao tornar público o desempenho das marcas, o projeto incentiva um comportamento mais consciente por parte dos consumidores e pressiona as empresas a aprimorarem suas iniciativas de responsabilidade socioambiental.

 

Avanços e desafios da transparência na moda brasileira

Desde sua primeira edição, o Índice de Transparência da Moda Brasil mostra progresso na divulgação de informações pelas empresas. Em 2018, a média de transparência das 20 marcas analisadas era de 17%. Em 2022, essa pontuação aumentou para 31%, um salto significativo que indica uma maior disposição das empresas em compartilhar dados sobre suas práticas.

Outro ponto positivo é o aumento do número de marcas que publicam suas listas de fornecedores. Em 2018, apenas 25% das empresas analisadas divulgavam esses dados; em 2022, esse percentual subiu para 33%, refletindo um crescimento gradual da rastreabilidade na indústria.

No entanto, ainda há grandes desafios a serem superados. Cerca de 36 das 60 empresas analisadas em 2022 pontuaram entre 0 e 10%, indicando que muitas marcas ainda divulgam pouquíssimas informações sobre seus impactos. Além disso, apenas 8% das marcas divulgam informações sobre a origem de suas matérias-primas, um dos elos mais críticos da cadeia de produção.

Transparência como ferramenta de mudança

A transparência não é sinônimo de sustentabilidade, mas é um primeiro passo essencial para uma moda mais justa e responsável. Sem informações claras e acessíveis, é impossível garantir condições dignas de trabalho, reduzir impactos ambientais e promover mudanças estruturais na indústria.

A pressão dos consumidores e da sociedade civil tem sido um dos principais motores dessa transformação. Ao exigir mais transparência das marcas, cada pessoa pode contribuir para uma moda mais ética e consciente. 

Agora, cabe a cada um de nós questionar, pesquisar e exigir que as marcas adotem uma postura mais responsável. A moda do futuro precisa ser transparente!